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quarta-feira, 16 de março de 2016

O Coro dos Defuntos


Marcador de livros do Coro dos Defuntos de António Tavares, um livro muito interessante e premiado com o LeYa 2015

Um belíssimo retrato do mundo rural português entre 1968 e 1974.

Vivem-se tempos de grandes avanços e convulsões: os estudantes manifestam-se nas ruas de Paris e, em Memphis, é assassinado o negro que tinha um sonho; transplanta-se um coração humano e o homem pisa a Lua; somam-se as baixas americanas no Vietname e a inseminação artificial dá os primeiros passos. 
Porém, na pequena aldeia onde decorre a acção deste romance, os habitantes, profundamente ligados à natureza, preocupam-se sobretudo com a falta de chuva e as colheitas, a praga do míldio e a vindima; e na taberna – espécie de divã freudiano do lugar – é disso que falam, até porque os jornais que ali chegam são apenas os que embrulham as bogas do Júlio Peixeiro. 
E, mesmo assim, passam-se por ali coisas muito estranhas: uma velha prostituta é estrangulada, o suposto assassino some-se dentro de um penedo, a rapariga casta que colecciona santinhos sofre uma inesperada metamorfose, e a parteira, que também é bruxa, sonha com o ditador a cair da cadeira e vê crescer-lhe, qual hematoma, um enorme cravo vermelho dentro da cabeça. 
Quando aparece o primeiro televisor, as gentes assistem a transformações que nem sempre conseguem interpretar...

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quinta-feira, 3 de março de 2016

Flores de Afonso Cruz - Flores


Marcador de Livros da editora Companhia das Letras do livro Flores de Afonso Cruz, um livro fantástico que acabei de ler e recomendo vivamente.

Excertos do livro:

"Viver não tem nada a ver com isso que as pessoas fazem todos os dias, viver é precisamente o oposto, é aquilo que não fazemos todos os dias".

"Nós tínhamos uma ameixeira no quintal. O pai pegava numa ameixa, meti-a toda na boca, dizia que era assim que devíamos comer, depois cuspia o caroço, baixava-se e cuspia. Era um gesto de reverência, de totalidade, mas mais do que isso, perpetuava a árvore, pois ao cuspir fazia nascer uma árvore. E o pai, quando se erguia, com as calças de fazenda a apertarem-lhe os testículos, concluía: é assim que se come uma ameixa. É isso, pai, não é só o fruto que comemos, são as frágeis pegadas dos pássaros que nele pousaram, os raios de sol, o grito dos mochos, o luar mais furtivo, a chinfrineira das cigarras. Os frutos são o resultado de tudo. O caroço que se cospe é a vida".
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